Internacional

Sérgio Conceição com agressividade de energia no arranque

Sérgio Conceição espreme paixão a cada treino e cada jogo e também em Itália contagia e divide. Apesar do curto tempo à frente do Milan já conseguiu vencer um troféu, brilhar numa comemoração expansiva no balneário, sentindo também as dificuldades de um plantel desequilibrado que já valeram um ou outro dissabor.

Conhecido por um caráter explosivo também já o fez notar numa briga séria com Calabria, capitão dos rossoneri no final do triunfo sobre o Parma, em mais uma das quatro remontadas que já operou. Com mais um dérbi de Milão a chegar, já domingo, e essa brilhante desfeita ao Inter na Supertaça na balança do apetite para este confronto da Serie A entre rivais separados por 16 pontos na tabela, Conceição desperta olhares pelo impacto já provocado neste regresso ao Calcio e por voltar a cruzar-se com um clube que defendeu enquanto jogador. Um derby Della Madonnina que também mexe com corações transalpinos em Portugal. Caso de Luca Dubini, arquiteto radicado no Porto, grande adepto do Inter, que não esquece o passado de Conceição nos nerazzurris. O choque de o ver no Milan vai sendo digerido, apesar de já ter desencadeado um nó na garganta.

“Ver o Sérgio no Milan foi muito mau para um neroazzurro! Mas, também, sabemos que já lá vai o amor às camisolas… Conceição entra no Inter após um período em que os clubes começaram a integrar nas próprias equipas vários jogadores de fora. Quando eram três estrangeiros, o amor à camisola ainda existia, depois disso, acho que alguma coisa mudou, e não só economicamente! Para falar sobre isso era preciso muito, muito tempo… “, desabafa, lendo um pouco da história. “Depois dos colossos Brehme, Matthaus e Klinsmann, o Inter começa, como todas as equipas, a alargar o próprio plantel a jogadores de todo o mundo. Do trio alemão passa para um plantel mais diversificado, chegam argentinos e brasileiros, também os portugueses. Entre eles o mítico Conceição. Apesar de não brilhar muito, deixou o seu legado de lutador incansável”, descreve Luca, avaliando o abalo de emoções conferido pela chegada do técnico português a Milão.

“Chegar e ganhar a Supertaça teve o seu impacto! Numa final tudo pode acontecer, e o Milan teve a dose certa de sorte. Mesmo assim, ele aproveitou o momento e quis fazer da Supertaça um arranque à moda do Sérgio! Energia, agressividade, vontade de alastrar o momento até ao Campeonato”, rebobina a fita da superação rossoneri nos duelos com Juve e Inter com a descarga de adrenalina no balneário.

“Na cidade respira-se o azul mas Sérgio pode arquitetar tática demolidora”

O reconhecimento de Conceição em estado puro, incluindo ondas de tensão internas, pela lente de um adepto nerazzurri no Porto.

“Estes momentos eufóricos passam a loucura, como foi o episódio com Calabria. Esses momentos não são precisos. O Sérgio vai ter de se adaptar à realidade complexa italiana ou será difícil aguentar muitos anos como treinador em Itália”, avisa. “Um bom teste vai ser o dérbi, pois, nos últimos anos, o Inter ganhou quase sempre. Na cidade respira-se azul! Mas estou consciente que Sérgio tem a capacidade de motivar os jogadores e de arquitetar uma tática demolidora”, reflete, avistando possíveis incidências.

“Do outro lado vai ter uma equipa que tem um jogo consolidado, com Lautaro e Thuram muito fortes e novos elementos que lutam por se encaixarem melhor no esquema”, afere Luca, exemplificando a fome de uma cara bem conhecida. “Há Taremi mas Sérgio conhece-o bem. Diria que as duas equipas têm possibilidades idênticas de ganhar. Infelizmente! Antes pesava mais para o Inter”, define o italiano, originário de zona próxima ao Lago Como. Os elogios ao português soltam-se em catadupa, batem as recordações do jogador. “O Sérgio entrou no Inter num período de transição, complexo, em que o Inter não estava no seu melhor. Mas elementos com raça como o Sérgio sempre foram bem vistos, até porque eram os únicos que podiam desbloquear alguma alegria nos adeptos. Até à chegada do Mourinho, claro…”, sublinha. Mas Luca Dubini tem ainda guardado um apontamento mais singular e até mimoso sobre a etapa de Sérgio quando jogava no Giuseppe Meazza.

“O Inter e o Milan investiram em moradias e zonas residenciais para os jogadores estrangeiros na aldeia de Carimate, que fica entre Milão (estádio) e Appiano Gentile (centro de treino). Nessa época do Sèrgio, a minha mãe era cozinheira no infantário da aldeia e, de vez em quando, a mulher do Sérgio levava os filhos para poderem socializar com outras crianças. A minha mãe já tinha vindo a Portugal algumas vezes e, por isso, conseguia trocar duas ou três palavras em português com os miúdos, “olá”, “obrigado”, “bom dia”… Isso gerava sorrisos dentro do ambiente escolar. O Sérgio não aparecia tanto na aldeia, mas para os Carimatesi Neroazzurri, era sempre uma festa ver o pequeno grande português!”, precisa Luca. Nessa altura ainda estava por nascer Francisco, os filhos que andavam na escola eram Sérgio filho e Rodrigo.

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