Rui costa com o futuro incerto

O presidente do Benfica, Rui Costa ainda não entrou, formalmente, em ações de campanha eleitoral e, no entanto, enquanto presidente em exercício até às eleições, tudo o que fará será julgado, também, nessa qualidade de candidato. Para o bem e para o mal.
Apresentou um projeto arrojado de renovação do Estádio da Luz e revolução de toda a zona envolvente, na linha do que os melhores clubes europeus fizeram ou estão a fazer. Não poderá, concordemos, ter nascido de um dia para outro, como também não foi inocente, aceitemos, a data e a forma da apresentação, com a solenidade das presenças institucionais do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e da ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes.
impreparação dos candidatos à presidência — João Diogo Manteigas, João Noronha Lopes, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho — para reagir ao Benfica District foi óbvia e alguns pareceram baralhados, se não estavam mesmo baralhados. O que até é compreensível, considerando que desconheciam o projeto. Fizeram críticas legítimas, levantaram dúvidas justificadas, protestaram, acusaram, reclamaram, sem, no entanto, refletirem sobre o essencial — este é um projeto bom para o Benfica? É isso, no fim do dia, que os benfiquistas vão querer saber. E é isso que os candidatos terão de dizer e explicar aos benfiquistas. Queiram ou não serão também julgados por isso. Para já ficou claro que para Rui Costa é bom para o Benfica, sem prejuízo de dar mais explicações.
Quanto aos candidatos — não basta dizer que já se pensava na revitalização da zona envolvente para melhorar a experiência do adepto no dia do jogo e depois a melhor coisa que vem à cabeça é a casa do sócio; não basta dizer que se anda a vender João Neves e Gonçalo Ramos para se criar um centro comercial, como se a política desportiva e o investimento num projeto, segundo disse o CFO do Benfica «autosustentável», não pudessem andar de mãos dadas; não basta dizer que o Benfica District é um projeto vazio e sem impacto real no futuro sem se apresentar dados concretos; não basta considerar estranho que o presidente da Câmara de Lisboa e a ministra da Cultura, Juventude e Desporto se tenham prestado a dar a cara pela cerimónia organizada pela Direção do Benfica.
Este Benfica District representa, verdadeiramente, a entrada em campo de Rui Costa na campanha, depois da publicação de modesto vídeo de anúncio da recandidatura. Pelo visto e ouvido — houve promessa de que em breve haverá novidades sobre a Cidade Benfica —não tardará a conhecer-se mais novidades. O Benfica District marcou e vai marcar a agenda durante algum tempo. E Rui Costa terá, seguramente, outros trunfos na manga.
Seria positivo, para o Benfica, que todos os candidatos, incluindo Rui Costa, fossem julgados pelo passado, pelo presente e pelo que podem oferecer no futuro, pelas presenças e ausências quando o clube deles precisou. Mas, como outros, também acredito que as eleições podem ser decididas mais pelo que acontecerá em campo até 25 de outubro.