Pinto da Costa não deixava cair os jogadores, devo-lhe muito

Entre 1997 e 1999 fez 40 jogos pelo FC Porto, alcançando dois campeonatos sob a batuta de António Oliveira e Fernando Santos, ficando assim ligado ao fecho do Penta. Falamos de Chippo, internacional marroquino, que deixaria a Invicta rumo ao Coventry de Inglaterra, jogando o Mundial de 1998 como atleta dos dragões. Numa conversa com O JOGO, o magrebino, agora residente no Dubai, fez questão de partilhar a sua consternação pela morte de Pinto da Costa. “Lembro tão bem a minha chegada, cheguei com atraso ao Porto e do aeroporto já fui direto para a apresentação. Pinto da Costa e Reinaldo Teles esperavam-me. Negociei com eles o contrato e em 15 minutos era apresentado. Fiquei logo a imagem de um grande homem, pela forma como tratou do contrato, tudo dentro do combinado. A admiração foi crescendo”, relata Chippo.
O destino FC Porto juntou-o a Jorge Costa, Sérgio Conceição, Drulovic, Zahovic, Capucho ou Jardel. “Para mim foi algo extraordinário e inesquecível assinar pelo FC Porto, estava no melhor clube de Portugal que havia conquistado tantos títulos e estava sempre na Liga dos Campeões”, acrescenta.
“Do contrato de três anos, fiquei dois no FC Porto e fomos sempre campeões. Com Pinto da Costa havia sempre sucesso. Ele tratava os jogadores como filhos. Falo de todos, ele respeitava-nos imenso! Falava connosco com o mesmo afeto que falava com os amigos e sobre um monte de assuntos. Fez muito por mim, pessoalmente devo-lhe muito”, junta Chippo, justificando a força recebida pelo, agora, malogrado dirigente. “Incentiva-me quando jogava menos, passava muita confiança. Não deixava cair os jogadores, ajudava-os. Deu muito ao FC Porto, o que vi em dois anos explica esses 42 anos na presidência”, enaltece.
Chippo, hoje com 51 anos. comentador desportivo, centra-se na figura cativante, célebre em qualquer parte e viagem. “A personalidade marcante dele ia além do FC Porto, era figura única em Portugal. Quando viajávamos para Lisboa para jogar com o Benfica e o Sporting, os adeptos cantavam por ele, os espetadores e os portistas amavam-no e tinha o respeito de toda a gente, inclusive dos dirigentes dos outros clubes”, observa, elogiando o carimbo de Pinto da Costa num recorde de conquista. “O FC Porto celebrava sempre alguma coisa, foram vários momentos inesquecíveis. Sei que a sua obra começou com aquela Taça dos Campeões contra o Bayern com o génio do Madjer e outros. E depois voltou a acontecer com Mourinho e com Deco e companhia. É difícil haver num mundo um presidente que tenha dado tanto a um clube. Despeço-me de um grande homem, um grande especialista a comandar um clube, que administrou o FC Porto com tanto sucesso. Quem vinha de fora adorava-o, Pinto da Costa era muito correto a negociar e logo incutia coragem e respeito”, sustenta Chippo.
O marroquino finaliza, enderençando condolências e reforçando o contexto da amizade que imperou com o dirigente que foi idolatrado pela nação portista.
“Tive dificuldades iniciais com a língua e as burocracias, ele esteve sempre perto de mim, não joguei muito na primeira temporada mas ele esteve sempre confiante. Incentivou-me a dar o meu melhor, que poderia ser titular. E isso foi decisivo para ter ido ao Mundial de 1998. Deu-me certezas, foi um grande conselheiro. Ganhei muito e adorei o FC Porto. Sinto muito a perda de um grande homem para a sua família, amigos, clube e adeptos. Desejo que o clube se consiga fortalecer.”