Martínez esqueceu o Sporting: Varandas,relembra-o
O selecionador nacional Roberto Martínez demonstrou que coerência e justiça são conceitos abstratos nas suas escolhas. Ao anunciar a convocatória para o Euro 2024, a ausência dos nossos Pedro Gonçalves e Francisco Trincão, jogadores-chave no recente sucesso do Sporting, causou um alvoroço justificado entre adeptos e analistas.
Pote foi um dos motores do título leonino. Com números que falam por si, Pote marcou 18 golos e fez 16 assistências na última época. E não foi só agora, é temporada após temporada, numa consistência difícil de igualar por quase todos os outros jogadores. A sua capacidade de aparecer nos momentos decisivos, a inteligência tática e a versatilidade em campo fazem dele um dos jogadores mais completos e influentes do futebol português atual. Comparar Pote com Pedro Neto, que apesar de promissor não teve o mesmo impacto na sua equipa, passando grande parte do tempo lesionado, é um exercício de pura injustiça. Nem precisaria de ser no lugar do jogador do Wolves, mas esta substituição direta é gritante.
Francisco Trincão, por seu lado, mostrou-se, desde janeiro, superior a jogadores como João Félix e Francisco Conceição. A sua habilidade de desequilibrar, a visão de jogo e a capacidade de jogar tanto por dentro como por fora daria jeito em jogos fechados como o de ontem contra a Eslovénia. Félix registou mais uma época irregular (em quantas vamos?) no Barcelona, sendo muitas vezes suplente. Já Francisco Conceição explodiu este ano, mas não está preparado para estes palcos, como se tem visto em campo.
Além das escolhas discutíveis no ataque, a convocatória de Martínez levanta outras questões no setor defensivo. Convocar três laterais direitos – João Cancelo, Diogo Dalot e Nélson Semedo – parece um exagero desnecessário. Ter cinco centrais também não é usual, especialmente quando há lacunas evidentes noutras posições. A insistência em jogadores como Rúben Neves, que nunca conseguiu justificar o estatuto de indiscutível na seleção, só agrava a sensação de que as escolhas são feitas mais pelo nome do que pelo desempenho em campo.
E não podemos ignorar o estado de graça das nossas estrelas. Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo estão longe do seu pico de forma. Épocas desgastantes, preenchidas por um calendário sem pausas… não há milagres. O ritmo competitivo ressente-se.
O esquecimento do Sporting por parte de Martínez é uma afronta ao mérito e ao desempenho desportivo. Frederico Varandas tem todo direito para relembrar que o Sporting é campeão e que os seus jogadores merecem reconhecimento e justiça. Não é esta a hora, mas nós, Sportinguistas, por via da voz do Presidente, queremos palavras fortes quando houver um balanço para se apresentar. Seja para congratular, seja para criticar. Palavras de circunstância, não!
Esperemos que em competições futuras, o critério seja o desempenho e não o nome ou o clube de origem ou, pior ainda, outros critérios menos transparentes. A seleção do nosso descontentamento está aí: quatro jogos, um bom, três sofríveis. Os resultados no Euro serão o verdadeiro teste às escolhas de Martínez. Força Portugal!