José Mourinho: «O Benfica não pára de me surpreender, tem Mourinho faz lembrar Trapattoni

Maior beneficiado da jornada dos empates foi o que, curiosamente, está mais atrás na classificação: o Benfica. Interregno é benéfico para os três grandes, a começar pela águias. Este é o ‘Livre sem barreira’, espaço de opinião de Hugo do Carmo
O último domingo prometia ser gordo, com dois jogos grandes, o Sporting-SC Braga e, fundamentalmente, o FC Porto-Benfica, mas a noite acabou com sabor a muito pouco. Dois empates que deixaram tudo igual no topo da classificação.
Passou assim mais uma jornada, mas, obviamente, que há conclusões a tirar. E, do meu ponto de vista, o maior beneficiado foi, curiosamente, o que está mais atrás na classificação: o Benfica — considero que o SC Braga não tem argumentos para lutar pelo título.
Ao assistir ao clássico do Dragão, assim como às conferências de imprensa após o jogo, recordei-me de Giovanni Trapattoni, a velha raposa que levou o Benfica ao título em 2004/2005, quebrando um jejum de 11 anos. O carismático italiano mais do que um treinador defensivo era um pragmático. Para ele o fundamental era o resultado e é assim que analiso agora José Mourinho, um verdadeiro resultadista.
técnico dos encarnados, como é habitual, foi bem claro nas explicações e todos percebemos que para ele o mais importante foi não perder. E o maior elogio que se lhe pode fazer é que o Benfica esteve sempre bem longe de perder no Dragão. Tanto como de ganhar, é certo, mas indiscutivelmente parou a máquina de pressão que é o FC Porto de Francesco Farioli.
Tanto assim foi que o jovem italiano mudou a habitual estratégia, a equipa deu sempre a sensação de estar inibida, e só a um minuto dos 90 resolveu arriscar um pouco, lançando o criativo Rodrigo Mora e prescindindo do médio defensivo Alan Varela. Ironia do destino, a ousadia quase que era premiada, mas a bola rematada pelo craque azul e branco embateu na trave.
FC Porto continua no topo da classificação do campeonato, na UEFA Europa League tem duas vitórias em dois jogos, mas viu interrompida a série 100 por cento vitoriosa. E logo em casa e contra um dos grandes rivais. Teve, também ele, medo de perder. O que pode deixar marcas. Afinal, perdeu uma grande oportunidade de cavar um fosso talvez irrecuperável de sete pontos para um dos candidatos ao título, mesmo que estejam decorridas apenas oito das 34 jornadas.
A reação do FC Porto ao nulo é mais um motivo de interesse para os próximos capítulos no reino do dragão, até porque o calendário apresenta uma série de cinco jogos fora nos próximos seis: Celoricense, Nottingham Forest, Moreirense, Utrecht e Famalicão, sendo que pelo meio é o SC Braga que visita a Invicta.
Já o Sporting foi também uma equipa curta na receção ao SC Braga, sendo penalizada por um penálti desnecessário cometido por Hjulmand, já no período de compensação, mas que só veio trazer justiça ao resultado. Rui Borges geriu a equipa entre Napóles e o jogo com os guerreiros, mas as contas saíram-lhe furadas. Derrota na UEFA Champions League e oportunidade perdida de ganhar pontos aos rivais na corrida pelo título. Também em Alvalade, que depois da desilusão do 1-1 deve ter ficado a torcer pelo empate no Dragão, há motivos para reflexão.
Considero que o interregno nas competições, dados os compromissos das seleções, é benéfico para os três grandes, fundamentalmente para o Benfica.
Mourinho, mesmo privado por estes dias de grande parte do plantel, precisava de tempo para assentar ideias e os jogadores de aliviarem o stress. Entre mudança de treinador, calendário ainda mais sobrecarregado depois de pré-época atípica e período eleitoral, os encarnados podem agora desanuviar ereaparecer com outra imagem. Como referi, empatar no Dragão foi bom na atual conjuntura, mas jogar à defesa não se coaduna com a grandeza do Benfica.É preciso mais. É preciso vencer. É preciso convencer. Jogar à Trapattoni só resulta se se conquistarem… títulos.





