Harder ainda não é Gyokeres mas para lá caminha…
Um tiro perfeito… Harder foi o último a chegar a Alvalade e aquele que deu maior alegria a Ruben Amorim no jogo de despedida do técnico em Braga. Dois golos, a partir do banco, a selar extraordinária reviravolta para os leões. Dois momentos que confirmaram as suspeitas que já existiam. Desde logo a aposta ganha. Ele que apareceu em Alvalade, no último dia de mercado, como alternativa a Ioannidis, novela de verão do Sporting. Cumpridos 11 jogos, ninguém recorda o internacional helénico (que a título de curiosidade no Panathinaikos soma nesta altura um golo em 15 jogos), enquanto o jovem dinamarquês já leva cinco em 11 partidas. Quase sempre a sair do banco, pois contabiliza apenas 382 minutos. E se Harder ainda não é Gyokeres para lá caminha. O sueco, com 16 golos na Liga, precisa de 60 minutos para marcar nesta prova, enquanto o dinamarquês, com 3, precisa, até agora de… 62.
Trata-se, assim, à primeira vista de mais um jogador nórdico a deixar marca em Alvalade depois de Gyokeres e Hjulmand. O que levanta a questão… afinal qual é o segredo para afirmação destes trunfos escandinavos? A BOLA foi ao encontro de Bruno Romão, treinador português, de 40 anos, conhecedor deste mercado ou não tivesse ele um passado, por exemplo, no futebol finlandês, onde treinou o IFK Mariehamn, do principal escalão, na época passada.
«Estes dois golos sobre o SC Braga confirmam o potencial, nada mais, apesar de acreditar que o Harder pode ficar com o lugar de Gyokeres e também que esse foi o plano do Sporting aquando da sua contratação. Há dois aspetos em que o Harder me parece ligeiramente mais competente que o Viktor: a capacidade de baixar em apoio ou de jogar entre linhas a encarar os últimos defesas e a procura da baliza de meia distância», começou por dizer o técnico, reforçando qualidades que mais têm despertado à atenção no jogo do dinamarquês.
«A fome de baliza (versátil a finalizar de diferentes formas) e a capacidade que tem de verticalizar o jogo (estar em condições de jogar para a baliza) porque é rápido e tecnicamente evoluído. Sente-se que é um jogador disponível para a equipa, porém, mais do que criar expectativas à volta dele, tenho curiosidade de ver a sua evolução em termos da decisão (de frente e de costas), bem como a colaborar, dentro da sua posição específica, nas tarefas defensivas», disse.
DEFESAS MENOS PREPARADAS
Sobre o impacto que estes jogadores estão a ter em Portugal, Bruno Romão não tem dúvidas.
«Aquilo que vou sentindo no futebol atual é que os blocos e linhas defensivas estão cada vez menos preparados para defender avançados com perfis semelhantes ao do Gyokeres, algo que também tem naturais reflexos no seu valor de mercado. Se fizermos o exercício de analisar os resultados das seleções jovens portuguesas contra as nórdicas vemos mais equilíbrio. São jogadores focados e muito orientados para o coletivo. Será importante aos clubes portugueses recrutar o mais cedo possível, explorando os diferentes países nórdicos (Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia e incluo aqui a Islândia). Se aliarmos estes fatores com o facto de serem pessoas afáveis, que socialmente se integram bem, temos aqui um recrutamento muito interessante e até financeiramente mais acessível aos nossos clubes», reforçou.
Porém, apesar da proximidade do rendimento, Bruno Romão, a terminar, deixou um aviso.
«Gyokeres só há um. Temos um caso em que as expectativas à volta do jogador poderão não estar a facilitar o seu percurso, que é o do Schjelderup, e penso que a estabilidade que o Sporting proporciona a estes jovens é muito positiva. O Harder está a cumprir esta fase de adaptação e o Sporting tem feito uma boa gestão de expectativas à volta do jogador. Isso é fundamental», finalizou.