Árbitro despedido superou vício em cocaína e revela: “Sou gay”

David Coote, antigo árbitro da Premier League, despedido em dezembro de 2024 pela Professional Game Match Officials Board (PGMOL), que tutela a arbitragem de jogos profissionais em Inglaterra, falou esta segunda-feira pela primeira vez sobre as polémicas ditaram esse desfecho.
Depois de ter sido inicialmente suspenso pela PGMOL devido a ter sido filmado a insultar Jurgen Klopp, antigo treinador do Liverpool, Coote também motivou uma investigação da UEFA e da Federação Inglesa de Futebol (FA) devido a outro vídeo que o mostra a snifar um pó branco – cocaína, segundo o próprio – durante a realização do Euro’2024, em que foi assistente de VAR.
Na sequência dessas polémicas, o árbitro inglês de 42 anos foi despedido e agora, em declarações ao tabloide The Sun, começou por revelar que, durante a sua carreira, escondeu o facto de ser homossexual por medo de ser alvo de ainda mais abusos dentro de campo.
“Sou gay e tive dificuldades em ter orgulho de ser eu durante muito tempo. Recebi abusos profundamente desagradáveis ao longo da minha carreira e acrescentar a minha sexualidade a isso teria sido muito difícil. A minha sexualidade não é a única razão que me levou a essa posição, mas não vou estar a contar uma história autêntica se não disser que sou gay e que tive dificuldades reais em escondê-lo”, afirmou, explicando que só contou aos seus pais que se sentia atraído por homens aos 21 anos e aos seus amigos mais tarde, já com 25.
“Eu escondi as minhas emoções enquanto jovem árbitro e a minha sexualidade também. Isso é uma boa qualidade enquanto árbitro, mas uma qualidade terrível enquanto ser humano, e foi isso que me levou a todo um caminho de comportamentos”, acrescentou.
Quanto às polémicas que mancharam a sua carreira, Coote começou por pedir desculpa “a todos os que se sentiram ofendidos” com o vídeo em que surge a insultar Klopp, referindo que “não estava sóbrio” quando foi gravado.
Sobre o vídeo em que surge a snifar um pó branco com uma nota de dólar, o árbitro admitiu ter desenvolvido um vício de drogas durante a sua carreira e confirmou que se tratou de cocaína, frisando que não se reconhece naquelas imagens.
Ao mesmo tempo, apontou para o facto de ter apitado mais de 90 jogos em 2023/24, ainda antes dos Jogos Olímpicos de Paris e do Europeu de 2024, tendo ainda lidado nessa época com a morte da sua mãe e o diagnóstico de uma grave doença motora a um tio.
“As exigências físicas e psicológicas impostas aos árbitros são muito significativas. Eu não me reconheço naquele vídeo da cocaína. Não consigo compreender como me sentia na altura, mas sou eu que aparece. Eu estava a ter dificuldades em lidar com o calendário, não havia oportunidades para parar, e encontrei-me naquela posição, a escapar disso”, assumiu, garantindo ter ultrapassado esse vício com terapia e falando num “grande sentimento de vergonha” por esse vídeo.
“Sou culpado de ter feito o que fiz, mas estou a tentar ser a melhor pessoa que posso ser neste momento. Dei passos para tentar ser melhor e posso sê-lo, tanto numa perspetiva física como de bem-estar mental. A outras pessoas que estejam na minha situação, eu dir-lhes-ia para procurarem ajuda e falarem com alguém, porque se ‘engarrafarem’ como eu fiz, acabará por sair de alguma forma”, concluiu.