Ser discreto nos negócios não tem de ser um obstáculo à transparência
André Villas-Boas concedeu, esta quinta-feira, uma entrevista ao jornal dinamarquês Tipsbladet, a propósito do lançamento do Portal da Transparência, projeto lançado no passado mês pelo clube azul e branco.”As reacções que recebemos são muito boas. Isto também se aplica aos adeptos, e reparámos que os adeptos de outros clubes estão agora a pressionar os seus clubes para que sigam na mesma direção. Em relação às instituições do futebol e às autoridades executivas, também ouvimos um grande apoio às medidas que tomámos. E o apoio que recebemos publicamente da UEFA é crucial. Fala-se muito de transparência e integridade, mas poucas medidas concretas foram tomadas. E o que aconteceu em termos de regras mais rigorosas foi conseguido após negociações lentas e laboriosas”, começou por dizer o presidente do FC Porto.
“Somos pioneiros porque somos um grande e importante ator enquanto clube, mas de um país periférico que assumiu a liderança de uma forma muito concreta e sem hesitações. Estamos na vanguarda da mudança e queremos estar no centro de um debate crítico e positivo sobre o futuro do nosso sector. Os media também reconheceram a nossa ousadia. E estão a mostrar o nosso exemplo em todo o mundo, como vocês estão a fazer agora”, frisou ainda o dirigente portista.
“Ser discreto nos negócios não tem de ser um obstáculo à transparência. Não tivemos qualquer reação negativa. Desde o primeiro dia, assumimos que atuaríamos de forma transparente. Vamos reforçar a nossa reputação junto de todos os intervenientes que se preocupam com o clube. A nossa filosofia de gestão, juntamente com os resultados e os títulos das nossas equipas, dar-nos-á uma marca forte e um lugar como um dos clubes de elite a nível mundial”, vincou Villas-Boas.
“Como todos os sectores, o futebol profissional tem tudo a ganhar com a transparência. É possível estabelecê-la à força através da legislação, mas se ela vier de dentro para fora, de forma natural, os resultados virão mais depressa. Os agentes do sector compreendem que não têm nada a ganhar com a associação a alguns dos fenómenos mais obscuros que, por vezes, infectam o futebol de forma muito grave. Ver o futebol associado ao branqueamento de capitais e ao tráfico de seres humanos é grave. É uma preocupação mundial”, finalizou.